domingo, 30 de agosto de 2009

no final, fumaça.



às vezes meu coração incendeia


queimo inteira.

domingo, 23 de agosto de 2009

...



Vi nos olhos do passado
A melancolia distante
Debruçada nos meus consolos

Chorei

Lágrimas escorrerão sobre desesperanças
Já não existe tempo

Chorei

Futuro preso a sombra da dor e morte
Prostrei sozinha e em silêncio

Chorei

Vitimada pela vida escorrida
Sugada em preocupações

Chorei

.
.
.

Choro.



créditos da imagem: http://blackandwhiteart.blogspot.com/

terça-feira, 18 de agosto de 2009

FEMINISMO

Estou indo.
Você ficando, não esqueça:

dê comida ao cachoro
recolha roupa do varal
leve lixo para a rua
troque a água do aquário
regue as plantas

E se eu nao voltar

Me esqueça!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Lola e Brigitta.



PARTE I

(dispertando...)


Lola saiu correndo pelas ruas estreitas e antigas da cidade. Ao sair da escola, afoita, deixou pelo portão enferrujado um pedaço da fita vermelha que sempre levava a cabeça em dois rabos-de-cavalo compridos e loiros que sua mãe fazia todas as manhãs sob o sono insistente da manhã.

Brigitta abriu os imensos olhos negros assustada. Havia esquecido que estava em uma nova casa, em uma nova cidade. Pulou da cama e o espelho logo a frente, lhe mostrou uma menina com cabelos acobreados em um emaranhado de cachos displicentes caídos sobre um pijama com gola esgarçada e gasta. Brigitta, adorava a imagem que via a frente e só depois de longos minutos admirando cada parte do seu reflexo é que pensou nas novidades que estariam por vir nesta nova fase da sua vida.

Cuidado menina, você vai se machucar! Lola escutou ao longe o conselho de algum vizinho que não estava acostumado com a maneira espevitada que desfilava nas vizinhanças. Sempre tinha algum, que em conversas com sua mãe, delatava suas atitudes nas redondezas. Sua mãe, então, usava palavras duras, mas, Lola, observava nos seus olhos o riso contido e a noite quando o pai chegava e ela já estava na cama, ia pé-ante-pé escutar pelas frestas da casa as gargalhadas dos dois depois que sua mãe encenava ao pai suas traquinices e justificativas para tudo que acontecia. Lola, sempre tinha boas justificativas . Era boa em inventar porquês para tudo que acontecia a sua volta, isto fazia com que Lola vivesse em um mundo próprio em que cada coisa ou fato fosse inventado com o objetivo de estar a conspiração da sua vida.

Desça para o café, menina! Fez com que Brigitta despertasse do transe interno. Ela era assim. Conseguia por longos minutos se apagar do mundo e adentrar como em uma viagem insólita para seu pensamento e ali se satisfazer em um mundo capaz de transforma-la em uma princesa rodopiando em lindos jardins floridos de vermelho até ser ela, Brigitta, um bebezinho recebendo da mãe carinhos, mimos e afeto. Isto fazia se Brigitta uma menina calada, observadora, misteriosa, com olhos expressivos e faiscantes que pareciam querer saltar para a vida externa.

Quando a mãe de Lola a chamou para ver através da janela os novos vizinhos, ela disse que não poderia que estava "alimentando com brioches seus esquilos”, a mãe, riu. Mas, quando Lola ouviu um som estranho de música vindo de fora, pulou instintivamente da cama e junto com a mãe viu um homem forte e de chapéu tocando uma espécie de flauta de madeira que soltava um som fino e singelo. A mãe observava a mobília diferente de tudo que já tinha visto com tapetes coloridos e estofados com flores sóbrias mas, Lola, não conseguia tirar os olhos da menina com olhos negros que sentada no sofá colocado no jardim, ria em gargalhada do pai que ensaiava passos de dança desajeitados, tudo ali, no meio do jardim.

Brigitta estava penteando os longos cabelos da sua boneca preferida quando a mãe a chamou para uma conversa. Como sempre, a mãe, evitava fitar seus olhos, e contou de maneira fria e rápida a mudança para uma cidade distante. Imediatamente, Brigitta sentiu os olhos embaçarem, a mãe desviou o olhar, respirou em descontentamento virou o pescoço em um giro pelo quarto e com toda aspereza que lhe era comum, disse o quanto Brigitta vivia no mundo da lua no meio de coisas que estavam sempre em desordem e a fuzilou com um olhar de indiferença que Brigitta já conhecia. Continuou, ali, paralisada, pensando em como gostava de subir nas copas das árvores do quintal enorme da sua casa, em como a fazia viajar a música vinda do conservatório a frente, em como se sentia orgulhosa por ser pai ser um professor adorado na escola onde estudava e por fim, em como sobreviveria sem o afago a cabeça da avó todos os dias em visitas silenciosas e doces. Não sobreviveria. Estava apagada para este mundo.

Ao chegar em casa, ofegante, Lola, bombardeou a mãe com perguntas sobre os novos vizinhos, a mãe, lhe deu logo um sermão sobre ser indiscreta. Lola não ouviu nada, entrou no seu quarto, soltou os cabelos e passando pela cozinha, escondida da mãe, pegou uns 3 ou 4 dos biscoitos de leite que sua mãe acabara de tirar do forno e saiu em disparada, saltou pelas escadas da frente da casa e arrumou o passo ao chegar na frente da casa ao lado, se recompôs e colocou no rosto a cara de menina meiga e simpática ensaiada e encenada em momentos especiais por Lola.

Vizinhos! Uma voz fina, a tirou de um envolvimento em transe com sua nova caneta de pena que pai havia comprado para seu primeiro dia de aula. Vizinhos! Correu aflita pela casa e abriu a pesada porta de madeira com dificuldade.

Ventava muito, em um final de tarde com azuis e laranjas que se misturavam no horizonte.Os altos arbustos do outro lado da rua soltavam uns gritinhos de contentamento quando a porta se abriu.

A menina que segurava a saia xadrez para o vento não levar, deixou sua cara ensaiada de simpatia escorrer de fascinaçao!

A menina que cerrava os olhos para evitar a poeira do vento, os viu quase saltar para fora de encantamento!

Assim, Lola e Brigitta se viram pela primeira vez. Assim, começou a amizade das meninas.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Vou de coletivo - uma carta de amor.

Curitiba, 5 de agosto de 2009





Quando leu ao telefone o que escreveu eu sua carta, quase não pude suportar sentada, parada e distante de ti.
Quando li ao telefone a carta de amor que te respondi, quase não pude falar, fiquei ali repetindo, repetindo o fim, que disse como se sentia.
Fez-me perguntas quando não poderia responder atónica de desejo e paixão. Agora te digo:
Sim, é uma loucura inesquecível
Sim, vou contar sobre você aos meus netos.
Sim, quero que conte sobre mim aos seus netos. Mas, se para isto depender o nosso fim, não, eles não precisam ficar sabendo.
Sim, seriam lembranças maravilhosas, mas, melancólicas demais
Não, não estou triste, melancolia faz umas côcegas gostosinhas.
Sim, vai dar conta de tudo por algum tempo.
Não, o presente é hoje. Do futuro não preciso saber.
Sim, eu também .
Vou precisar ler em voz alta esta também?

Beijos,
para o antes, durante e depois da sua descrição de amor.







Este texto faz parte da blogagem coletiva "vou de coletivo"

o tema deste mês é: carta de amor
http://voudecoletivo.blogspot.com/2009/07/uma-carta-de-amor.html