quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Férias.

Queridos amigos, leitores e seguidores...........


Este blog entra em férias. A vida são ciclos de inspiraçao e transpiraçao e estou no ciclo de transpiraçao, com muito trabalho e pouco espaço para o que eu mais gosto nesta vida, ler, escrever e me inspirar. A partir do dia 23 entro em férias e quando voltar.... quando voltar.... trago imagens de praias paradisiacas, sentimentos intensos e nobres e a voz da Amy Winehouse....


Beijos e um grande Natal e começo de 2011, o "melhor ano das nossas vidas" !

sábado, 20 de novembro de 2010

ouvindo Should I Stay Or Should I Go...




Darling you´ve got to let me know
Should I stay or should I go?
If you say that you are mine
I'll be here 'til the end of time
So you got to let me know

The Cash



A mulher estava mesmo louca, com força fui puxado para a pista e enquanto dançava seu ritmo estranho, bebia uma lance louco de uma cor amarelo-piscodélico e aquela combinação de dança, atitude e loucura fez que achasse a louca, uma louca, mas, hipnotizei. Já era.

Depois, quando já a achava na minha, disse que eu era um estranho e que queria meu amigo que se agarrava com uma loira, que o capturou assim que chegamos, sei lá, quem era a mulher e mesmo se soubesse não diria para aquela louca que balançava a cabeça, bebia o troço amarelo, me olhava feito loba e falava do meu amigo, coitado, devorado pela loira da chegada.

Queria me livrar dela, isto foi depois dela rir do meu cabelo e com a mão tentar arruma-lo de um jeito meio punk, meio moicano, meio nada a ver… Queria me livrar dela. Urgentemente, mas, ela veio chegando perto de mim e me falava coisas de arrepiar todos os fios de cabelo ao pé-do-ouvido, coisas que eu não entendia muito bem e perceber o revezamento de olhar dela entre eu e meu amigo, que era engolido pela loira, me enchia de ciúmes e raiva. Queria me livrar dela e quando a morena do terceiro ano passou por nós fiquei em desespero com o sinal que me fez para ir matar o desejo da sua voluptuosidade. Mas, não. Deixei que a zuação que a bebida amarela que a louca tomava me envolver e já nem ouvia o que dizia, nem focava a direção dos seus olhares, reparava somente no movimento dos seus quadris e pernas fazia no ritmo do punk-rock que trucidava o ambiente.

Os olhares já não iam a direção nenhuma que não meus olhos e suas palavras já não eram jogadas no ouvido sem sentido. Com seus olhos nos meus vi como a maquiagem gótica nos olhos os deixavam incrivelmente verdes e como sua boca se abria as vezes em um riso cínico que me fazia sentir um menino perto de uma amazona destemida. A louca me fazia longe dela por mais que tentasse arremessar um beijo naquela boca sarcástica. Foi aí, que ela recomeçou sua conversa sobre Nietzsche, Sex Pistols, niilismo da arte e da sua maravilhosa viagem a Londres no último verão, o efeito da estranha bebida amarela parecia se acalmar no seu corpo e não ouvia completamente os sentidos para as palavras, mas, o som que as palavras da sua boca saltavam, às vezes, bruscamente, outras, delicamente, dava aquele assunto, que era apenas ouvinte, coadjuvante do jogo que me fez, sem querer, enlaçá-la pela cintura e a fazer calar com minha língua.

Não acredito em sinos que tocam quando se beija a “tal mulher”, mas, o punk sumiu do ambiente e a louca me envolveu na sua saliva, na sua boca e na força amazona do seu corpo.

Não conseguia me desgrudar dela e vi que ela meio se espremia, meio esperneava para se desvincular da minha boca e conseguiu. A louca me xingou de estranho e saiu empurrando a massa que dançava sem se dar conta. Quase fui atrás dela…

Quase.

Mas, era coadjuvante, tomei minha Heineken encostado ao balcão, observando meu amigo que se devorava com a loira, esperando que a louca voltasse. Demorou. Demorou tanto, mas, ela voltou. Toda dançante, toda no controle, toda não me enxergando. De costas dançava com o copo da bebida amarela na mão, quase sentia seu perfume, a se chegar perto, perto…. Tão perto que beijei sua nuca, abracei-a pelas costas, a senti estremecer, esperei que virasse a minha frente a encarar meus olhos. Esquisito! E me beijar…

Vi um amanhecer lindo do lado daquela louca, muito mais louca sem a bebida amarela na cabeça, que era apenas suco de abacaxi com laranja, agora sei, que ela não bebe, não fuma, não cheira. A louca, é apenas, deliciosamente em sã consciência, louca.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

DOM QUIXOTE.




Tinha uma lua no céu e estrelas também. Estava escuro, eles sentaram na areia e ficaram ouvindo o mar em silêncio. Então, ele tomou a frente dela de joelhos e de supetão, sem nenhum ensaio:

- Você quer se casar comigo?

E a resposta era tão óbvia desde quando ela havia colocado os olhos nele a primeira vez:

- Sim e que seja para sempre.

Desde então, eles desfilam sua força nos reinos distantes , a enfrentar moinhos, opa, dragões!




(video: ALTA NOITE. Marisa Monte e Arnaldo Antunes.)

domingo, 24 de outubro de 2010

Mãos Dadas (rascunhando)

Mãos dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente



(quando a inspiraçao anda sumida pelo cotidiano que terrivelmente nos consome é justo apelar para iluminações santas do grande poeta: Rogai por nós, Carlos Drummond de Andrade)



Enquanto, discretamente, passava seus dedos nos braços dele até chegar nas mãos fortes em espera de afago, notava que seus olhos traçavam o mesmo caminho até olharem cheios de apreensão ao enlaçar firmes de mãos e só então, depois das mãos dadas, é que os olhos se encontraram com um quê de medo, uma porção de frustração, tristeza e de mãos dados se sentiram sumariamente encurralados.

Havia o medo real que depois daquela noite se perdessem um do outro em seus caminhos, foi por isto, que passaram a noite de mãos dadas. A cada nova posição que os deixassem mais próximos em seus sonhos mantinham-se sempre com mãos unidas. Horas somente uma, horas somente dedos que se tocavam, horas, quando o perigo parecia maior, davam-se as duas mãos um ao outro.

Quando veio o dia claro, seus corpos e mãos ainda estavam enlaçados, inocentemente se sentiram salvos. E veio a despedida, as mãos separadas, mãos em abano.

O corredor é longo… as mãos, que mascaram a saudade a disfarçar o risco, agora soltas em caminhos da vida presente, do tempo presente.




terça-feira, 5 de outubro de 2010

corra, corra...

é um corre-corre dos infernos
quando corro atrás de você, você vai em fuga
revido
e vou em fuga, raivosa!
revida
corre atrás de mim, desejoso!

Que Deus me acuda, minhas pernas já estão cansadas!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

amor, com amor se paga.



“me dê sangue
e mais sentimentos
pois lá fora já é frio demais”

Nasi


Sua boca perto a minha e eu só ouvia o mexer da sua língua em fonemas amorosos saltados para fora! Eu te amo e daria a vida por ti.


Foi assim que me levou para junto do seu mundo, que não fazia parte. Escutava todos os dias eu te amo e ficava feliz, te esperando ansiosamente para o jantar.


Depois o som da saliva melenta das palavras desapareceu e o barulhinho gostoso que ouvia de “eu te amo” ficou tão duro. Foi aí que você chegou feliz em casa com um casal de cachorros para lá de feios. Disse que eram importados da … da… de… uma tribo aborígene da Nova Zelândia, que tinham um pedigree e que eram raros e que….


Mas, amor, eram cachorros e eu te amo.


E eu, que por muito tempo os achei esquisitos e animais, comecei a conversar com eles, aquelas conversas de “tatibiritá” como se fossem crianças, os coitados. Suas babas escorridas nos pelos respondiam em linguagem que eu quase entendia.


Um dia você chegou e eu dormia. Acordei manhosa. Repudiou meu beijo. Afastou-me do seu corpo. Despejou seu dia enfadonho. Deitou debaixo das cobertas com um pijama escroto e disse EU TE AMO. Assim, assim mesmo, EU TE AMO. Escutei claramente o som das palavras no ar frio e silencioso do nosso quarto, fiquei lá, ecoando…EU TE AMO.


Nossos cachorros são lindos, eu me divirto com o jeito que dormem o dia todo em posições engraçadas. Eles me respondem sempre com gracejos sutis, eles são tão raros, caros e queridos, que, as vezes esqueço que são animais…


Amor, hoje eu disse para eles “mamãe, ama vocês”. Amor, juro, juro que escutei o barulho da saliva de um deles a dizer, eu te amo também.


Você ri e dorme. E eu escuto indo pela janela o grunido baixo que soltou… eu te amo.


Amor, eu amoooooooooo nossos cachorros….

(video do DVD "ao vivo em cena" do NASI. Uma nova e maravilhosa fase deste incrivellllll roqueiro brasileiro! Uma das músicas mais lindas que escutei nos últimos tempos. Reparem no beribau do Dinho Nascimento)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

a festa,






Observando…


As moças dançavam ao som da música que crescia em ritmo e empolgação. Sambavam e rodopiavam seus cabelos soltos na fumaça envolvente do ambiente a rebolar os quadris insinuantes. Trocavam olhares e palavras ao pé-da-orelha entre si e com rapazes a volta que não se deixavam envolver, alienados nas cervejas, nas vodkas, nos cigarros, nas conversas entre amigos e desconhecidos que chegavam a todo instante a comemorar o 11 de setembro, armando assim, posições de defesa em um campo de guerrilha. Esculhambados, com o ataque veroz , muniram-se de estratégias etílicas, mas, não havia tempo suficiente. A sala esvaziou-se da libido feminina e onde se olhava não se via as meninas escondidas em outros cantos da casa.


Como bebês chorões viram-se no desespero longe das suas casas, das suas mulheres, das suas conquistas e vitórias. Restava a miséria do dinheiro no bolso, o frizer cheio de cervejas e o alento das fotos de Che Guevara nas paredes.


Já se ia meados da madrugada, viam-se restos espalhados por todo o lado e o rapaz, que desfilava sua camiseta vermelho sangue: “ai Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás”, resgatava seus amigos decaídos e perdedores dos escombros.


Pula de la madre, malditos comunas, fui embora sozinha.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

MANOLO BLAHNIK

Maria Luisa é uma mulher incrível. Inteligente, culta e bem articulada, atrai olhares de todos por onde passa. Seu porte físico esguio e elegante ganha ares de uma sensualidade natural em gestos, charme e um despojamento autêntico. Nascida em berço de ouro e acostumada com lençóis de algodão egípcio, foi educada nos melhores colégios, leu os grandes clássicos, visitou os museus mais significativos, foi a shows e teatros de artistas incontestáveis, frequentou desde pequena os melhores lugares, nas melhores viagens pelo mundo. E quando resolveu saber mais da vida foi morar sozinha na Europa. Estudou e trabalhou no que quis, se entregou a grandes paixões e a amores mansos. Foi amada, amou, desamou, teve decepções amorosas sempre curadas em banhos de espuma e taças de vinho francês. Quando decidiu por responsabilidade, criou uma grife de roupas que logo ficou famosa. Casou com um grande amor e desde que o casamento havia acabado, morava em uma casa maravilhosa, distante do grande centro da cidade. Em sua sala espaçosa com confortáveis sofás e paredes imensas de vidro, Maria Luisa, recebia, em festas e reuniões super concorridas, intelectuais e pessoas descoladas que por madrugadas adentro se deliciavam ao som de boa música, poesia e conversas animadas.

Bene é um homem estranho. Um destes moradores de rua sujos e sem identidade, logo ganhou fama na rua onde dorme, pelo seu jeito esquisito e eloquente de ser. Com traços de esquizofrenia, anda pelas ruas vivendo de esmolas e sempre as voltas com as assistentes sociais que querem lhe dar um lar, uma “vida de homem de bem”. Ao contrário do que pensam, não gosta de bebidas alcoólicas, na verdade, adora aproveitar o anonimato e a fama de louco para dizer o que quer, da maneira que quer. Nem sempre foi assim. Benedito, trabalhava com carteira assinada, tinha carnês, de prestações a perder de vista, de carro e electrodomésticos. Casou-se jovem, com a menina bonita e carinhosa do bairro, para assumir uma gravidez precoce e assim viu o sonho de ser professor de literatura ir por água abaixo. Um dia, depois de um dia péssimo de trabalho, chegou em casa e paralisou perante a descabelada e obesa mulher, que a sua menina tinha se transformado, ela berrava mil reclamações enquanto devorava espalhada no sofá, sujo da sala, um prato de macarrão instantâneo. A paralisia se transformou em uma crise nervosa irreversível que o fez sumir dali e nunca voltar. Bene era do mundo.

Janete era engraçada. Tinha uma maneira peculiar de sempre ir diretamente ao assunto, mesmo sendo, este assunto, desagradável e indigesto, louca por detalhes, arrematava com um comentário decisivo baseado no mundo próprio que vivia. Não era bonita, nem feia. Viveu sua infância correndo e andando de bicicleta em uma cidade do interior, quando mudou para cidade grande, achou tudo tão diferente, mas, logo se adaptou. Trabalhou em tantas coisas que não saberia mais quantificar e gastava grande parte do que ganhava, sendo vendedora de uma loja de ferramentas para construção, em roupas inspiradas na moda das telenovelas. Adorava dançar e saia com amigas para boates e bares da cidade. Só havia namorado uma vez e desde então, tinha relacionamentos rápidos, sempre com mil histórias engraçadas, amantes problemáticos e namoradinhos apaixonados. Aprendeu desde cedo que se fosse educada e cordeira, teria bons lucros! Andava as voltas com um patrão que a assediava e humilhava, mas, tinha os três cartões de créditos cheios de prestações para pagar, por isto, suportava tudo, sendo calculista, sempre de olho na próxima e prometida grande oportunidade que a vida iria lhe trazer.

Maria Luisa saiu apressada do seu terapeuta, no elevador seu celular tocou e era sua amiga chorando e reclamando da traição do marido, ao atravessar a rua............

Janete, pegou a condução para voltar ao trabalho depois de ir ao centro bancário pagar parte das suas contas, pestanejou contra o cobrador grosseiro e o motorista apressado. Sentou no primeiro banco logo a frente e antes mesmo de se acomodar foi arremessada contra o vidro do ônibus depois de uma freada brusca, tentativa frustrada de.......

Bene, comia na praça um resto de mamita oferecida pelo dono do bar da esquina, olhava para suas mãos sujas distraído ao mastigar, voltou a realidade pelo barulho de um ônibus em alta velocidade tentando frear, seu coração disparou, preferiu não olhar e escutou gritos….

Os respingões de sangue no vidro do ônibus assustaram Janete. Sentiu o sangue escorrendo pelo rosto e por segundos, achou que aquele vermelho fosse do seu corpo. Ao levantar, assustada e maldizendo o motorista imprudente, olhou para o asfalto a frente, e soltou um grito de desespero ao ver a poça de sangue em que Maria Luiza estava mergulhada.

Sol a pino em dezembro feito de verão escaldante, uma hora da tarde, o trânsito que já marcara seu compasso com buzinadas e palavrões pelo atraso na cidade que não pode parar. Bene, viu estendida sob o asfalto a moça com o rosto desfeito em carne em pedaços, o sangue, que escorria pela cabeça de um cérebro amolecido a mostra, escoava borbulhando no asfalto quente. Seus últimos suspiros foram sôfregos e afogados em substâncias corporais retorcidas. A multidão de curiosos observava em transe caustico a cena pavorosa. Janete, já recomposta, em pensamentos agradecia estar bem e viva, já Bene, abriu caminho na multidão e ajoelhado perto de Maria Luisa observou a pele alva e macia das pernas a mostra e leu devagar os escritos do seu sapato: ma-no-lo b-l-a-h-n-i-k, olhou para o céu e como em profecia, começou a gritar com toda força da sua voz em disparada: DO PÓ VIEMOS, AO PÓ VOLTAREMOS!
( esta crônica ja fui publicada neste blog. Então por ter um carinho especial por ela e tambem, por estar completamente sem tempo para escrever , a publico novamente)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

EM SEUS BRAÇOS


Você me transformou em uma mulher perigosa


Impede que te implore
Pede que engula o choro
a birra


Arremessada a vilania,
suspiro baixinho



doce
má.


terça-feira, 3 de agosto de 2010

ALICIA.

Alicia queria muito viver uma história de amor. Já era uma moça de 16 anos que pintava os cabelos, depilava as axilas e maquiava as bochechas. Faltava a Alicia viver o amor.

Desde os 13 anos Alicia já sabia o que era amar, foi de gordinha da turma a magricela do bairro depois de viver um amor platónico por um garoto da escola. Para as amigas do bairro dizia que namoravam escondido, para as meninas da escola dizia que não gostava de ninguém. E como Alicia sofreu com aquele garoto metido a boy, que mau notava sua presença e que lhe roubou um beijo desastroso, em uma festa de aniversário, depois de já ter colocado a língua em várias bocas de meninas na noite. Não importa, o gosto da boca daquele menino tosco a fez sonhar, a fez ter o coração disparado, a fez parar de comer com o gelo no estômago. E Foi que conhecia do amor.

Queria viver mesmo era uma história de amor, cor-de-rosa choque como as dignas dos grandes poemas, grandes romances e filmes. Ai, ai… queria tanto…

E foi assim, querendo, que a moça conheceu Jair, o moço que mudou para a casa da esquina. Ninguém se deu conta do novo moço do bairro, as amigas até deram de ombros ao tal Jair da esquina, mas, Alicia, queria era viver uma história de amor, estava apaixonada pela ideia de amar e quis Jair.

Jair, era um moreno até que bonito, mas, tinha um tique estranho de ficar piscando, piscando, piscando… E que agonia que dava as pessoas! Mas, Alicia, resolveu achar aquilo o charme de Jair, afinal, ele era novo no bairro, na escola e não a julgaria pelos porres de cair e os montes de boca que beijava em cada festa.

Foram meses de Alicia querendo Jair, sem sucesso. A moça cansou de passar “rebolativa” na frente de Jair, cansou de o olhar, de sorrir de canto… Quase desistiu de Jair, chegou até a reclamar do pisca que pisca sem fim do moço. E o moço? Não sabia o que fazer com aquela menina assanhada. Ela parecia ser bonita, mas, ele nunca a conseguia olhar em detalhes, já que não conseguia olha-la assim, ela o olhando, ela o cercando, ela o intimidando.

No sexta, Jair conseguiu se esconder atrás dos amigos e observa-la. Ela estava com as meninas escutando alguma destas histórias emocionantes femininas. Levava a mão na boca em suspense de uma forma tão escanchada. Os cabelos eram compridos com as pontas querendo sair ao vento, seus olhos eram de um marron brilhante e aquele jeito engraçado de colocar as mãos pequenas a boca, isto conseguiu ver bem. Ah sim, o corpo. Era bem torneado em curvas discretas, se escondia em uma pele morena que dava uma vontade urgente de tocar. Sim, a assanhadinha era bonita.

Sábado, Jair falou oi a Alicia e ela curiosamente corou, envergonhadíssima. Depois disso, já não o fitava como antes. Taí, Jair já não sabia o que fazer com a assanhadinha corada. Passou a tarde com ela que não saia da cabeça, brigou com a mãe, com o cachorro e foi dormir mais cedo, chateado, na bronca com seu sentimento.

Domingo, soube dos amigos entre risadas que Alicia embebedou-se na praça e que um moço de carro branco a levou para casa. Dormiu novamente na bronca, mas, desta vez tomou um remédio que desse um jeito no buraco no estômago que o atormentava com a imagem dos olhos que desviaram dos deles… E corada? Onde já viu, a assanhadinha, corada?

Segunda, Jair, deu por conta que estava apaixonado pela menina assanhada e o nervosismo o fez voltar mais cedo do colégio por causa do pisca-pisca sem fim dos olhos que estavam descontrolados por conta da paixão.

Ontem, Alícia estava mais espevitada que nunca! Chegou ao colégio com uma roupa colorida e com sombra azul nos olhos. Depois de repassar os assuntos do dia com as amigas, foi até a biblioteca finalizar o trabalho de português. Sentada distraída com a interpretação do texto e análise sintática, foi surpreendida por Jair que sentou ao seu lado. Alicia e seu jeito extrovertido sumiram na cadeira, sobrou para contar a história uma Alicia séria, calada e trémula. Jair, parecia ter desaprendido a fala. Os olhos pareciam afundar no pisca que pisca que pisca o deixando sem graça. Mas, a assanhadinha era Alicia demais! Assim, tão sem jeito e de perto, sua pele do rosto corada fazia uma fofura com seus lábios entreabertos indecisos. A menina não esperava que Jair fosse assim, que a olhasse, que a conquistasse, que a cercasse, que a encantasse, que a espreitasse com tanto este interesse distinto. Também não esperava que Jair a convidasse para ir tomar sorvete na tarde quente de terça.

Ninguém se lembra o que Alicia disse baixinho a Jair ontem a tarde naquela biblioteca, o fato é que, hoje, passaram aqui na frente da loja de mãos dadas. Alicia rebolativa mais que o normal e Jair com os olhos pisca não pisca, pisca não pisca. Digo com certeza o casal está apaixonado. Jair ainda hoje tomou remédios para o frio de estômago que corada a paixão lhe causa e Alicia vive a sua história de amor…

quinta-feira, 22 de julho de 2010

LOLA E BRIGITTA IV

O AMOR.
Leu afoita e com o coração ainda acelerado os versos enquanto Brigitta a olhava entusiasmada. Lola sentia ainda o sangue borbulhar nas suas veias, mas, não conseguia parar de ler a revista com poemas, enquanto a amiga ria da forma que Lola usava a voz rouca e firme para ressaltar as palavras do poema para dar dicas involuntárias de como estava se sentindo.

Brigitta admirava a maneira distante que Lola enfrentava seus sentimentos. Era como se observasse de longe, sentada em uma confortável poltrona, seu coração bater. Assim, ria quando batia em descompasso e fazia caras de esnobe quando o batimento ficava sôfrego de decepções. Ria daquele instante em que a amiga, em desespero, tentava descrever o que estava sentindo da sua maneira peculiar, mas, entendia que a poltrona não estava tão confortável e que possivelmente Lola não contaria para ela verdadeiramente como e o que havia acontecido. Talvez contaria depois de uns dois dias, rindo da maneira boba que se comportou.

Colocou a velha revista sobre as pernas e pediu para Brigitta contar novamente sobre o primeiro beijo que Jean lhe deu a alguns meses atrás. Então colocou sua cabeça no colo da amiga, enquanto Brigita tentava achar outras palavras e por outro ângulo se encantar e encantar a amiga com aquele momento.

Brigitta viu Jean todo engravatado na saída da igreja em um domingo frio, a mãe o puxava pela mão como se ele fosse uma criança pequena precisada de cuidados, mas, Jean, já era adolescente! Brigita já tinha reparado na escola os primeiros pelos da barba no rosto do menino e isto a embrulhou o estômago! Este foi o primeiro sentimento que teve em relação a Jean Pierre Molde. O segundo foi se interessar pela maneira que a família o cercava de carinho, logo aquele menino maltrapilho e peralta da escola, com uma mãe que o puxava pela mão e o penteava para os domingos como um homenzinho?! As próximas vezes que Brigitta observou Jean sempre perdia tempo com coisas em particular. Foi assim que viu que Jean tinha olhos imensos de um azul escuro e que em dias específicos pareciam querem saltar para a vida. Viu que quando Jean sorria uma covinha do lado esquerdo do rosto se formava e que, suas mãos eram pequenas e que, seu cabelo tinha cachos e redemoinhos indomáveis e que, corria mais rápido que os outros garotos e que, não puxava seu cabelo como puxava das outras meninas e que, de tanto reparar e querer reparar mais, sentia uma coisa estranha na barriga quando seus olhos cruzavam o de Jean. Então, começou a querer ir em todos os domingos a igreja e Lola reclamou muito quando a obrigou a mudar de lugar para ficar mais perto do menino. Então… Começou a passar uma cor nas bochechas para ir na escola e a deixar os cabelos livres na hora do lanche. Então… começou a ir dormir mais cedo e ficar acordada na cama imaginando, Jean e ela, personagens dos livros de romance. Estava apaixonada.

Primeiro Jean se aproximou de Lola. Juntos fizeram muitas peraltices até que um dia voltando a escola se ofereceu para levar os livros de Brigitta e o esbarrar de mãos fez seu coraçao aos pulos, mas, se manteve firme e não desviou os olhos dos olhos de Jean durante todo o trajeto, enquanto Lola fazia suas traquinagens, os dois trocavam olhares e sorrisos até chegar no portão da casa da Brigita. E foi assim por longas semanas até Jean convidar Brigita para passear no lago no sábado seguinte. Brigita sabia que Jean era seu primeiro amor e sabia que toda aquela ebulição de sentimentos era paixão e estava segura e preparada para o amor. Jean a beijou na beira do lago em um final de dia alaranjado, logo após de se declamar em amores. Brigitta não fugiu do seu hálito doce de menino e nem sequer mostrou medo da língua a procurar pela sua saliva, nem desviou dos olhares de Jean, nem das suas mãos ligadas a sua a caminhar pelo lago…

Eu o amo. Disse Brigitta enquanto prendia o cabelo da amiga com um laço de fitas. Lola, adorava a história de Brigita e Jean. Sempre pedia para que ela repetisse a descrição do amor e ria sobre o frio na barriga e o bambear nas pernas.

Apesar de achar nobre o amor e estar curiosa sobre paixão, Lola estava com medo com do descontrole que o beijo causou em seus pensamentos, mal conseguiu escutar o que Brigitta te recontou, não conseguia raciocinar sobre coisas que tinha que fazer para ajudar a mãe, só a boca, as mãos nas costas, o beijo e o tal embrulho no estômago, por outro lado, entendia melhor o estado poético das palavras de amor e queria ler todos os romances novamente, e queria….

Não disse a Brigitta sobre o beijo, embora soubesse que a amiga estava curiosa, foi embora “da casa” em silêncio, precisava racionalizar sobre o amor.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

...

...penso que o amor é assim
e que quando você me beija
penso que é assim:

um pouco de mel
um pouco de delírio
um pouco de afeto

penso que sem você
morreria
explodiria
acabaria:

no pó
na sarjeta
na tristeza.

fecho meus olhos
e abraço você:

seus ombros fortes
seu corpo quente
sua ternura macia


penso que
se…
penso que….
penso

não penso.

(Video da maravilhosa, espaçosa e grandiosa Nina Simone, interpretação deliciosa da intensa I Love You Porgy)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Plácido e o fabuloso mundo do futebol.

Plácido conhecia bem a vida. Já tinha vivido intensamente de tudo um pouco, se jogado de modo ousado em situações e caminhos que alguns poderiam julgar imorais, insensatos e loucos. Para Plácido isto era apenas a vida. E era assim que para as alegrias, se diluía por dentro em felicidade e força. Para as decepções, hibernava no seu interior, dizendo a todos: “são coisas da vida”.


Enquanto sua mãe chorava no quarto, ele escolheu no armário as roupas para levar no hospital onde o corpo do pai se esvairia sem vida . Do sofá, o observei passando a escova de brilho nos sapatos pretos do pai. Vi aquele homem forte e sagaz desmoronando, com olhos escorrendo de uma tristeza infinita. Podia até escutar o choro silencioso de Plácido se fundir ao barulho ensurdecedor do lustro no sapato preto que tinha um destino frio e obscuro.


Foi assim, cabisbaixo, demolido e desesperançado que Plácido seguiu por sua vida após a morte do seu velho. Sempre esteve firme e preparado aos fortes trancos da vida, mas, desta vez…Era como se toda sua força e ardência pela vida tivessem sido enterradas naquele dia quente de Julho. Fechava os olhos a qualquer momento do dia e revivia o concreto sendo unido aos tijolos iluminados pelo sol escaldante tendo o som arrastado da pá do coveiro batendo no concreto como trilha sonora angustiante.


Sem se dar conta, sem movimentos próprios, sem que suas pernas o levassem, viu sua vida ir ladeira abaixo, viu e aceitou. E aceitou sem forças ou reação. Era o trabalho que entrou em crise, era a falta de vontade para qualquer mudança ou novo investimento, era o abandono da família e dos amigos, era o tanto o faz para ter qualquer relacionamento.


Inerte, passava longos dias em seu apartamento. Em poucos momentos se sentia triste, na maior parte do tempo era tédio. Era preguiça. Era desânimo. Era nada. Horas sem fim na frente de um computador lendo e procurando exemplares antigos de revistas em quadrinhos, curiosidades toscas sobre a vida animal e muita pornografia bizarra. A televisão era ligada 24 horas por dia passando as mais nojentas séries americanas, que eram vistas e revistas quando Plácido não estava dormindo entre roncos de cuecas no sofá. Do sofá, para a geladeira, a olhar catatônico por longos minutos, até inventar sanduíches esquisitos com ingredientes em nada combináveis em sabores e consistências. Da geladeira ao banheiro, em banhos demorados com um Plácido de olhos parados por longo tempo sentindo a água escorrer pelo ralo e só.


Só. Nem álcool, que lhe causava náuseas. Nem a boémia de antes, que sentia sono. Nem mulheres, que tinha preguiça de convencê-las. Nem amigos e loucura, que sentia a necessidade sufocante de não falar nada, rir de nada, sentir nada.


Plácido não queria morrer, mas, também, viver estava sendo muito custoso. Plácido nunca quis ser um perdedor, nunca fora. Não queria ser um bosta, nunca fora. Nunca teve uma vidinha medíocre. Mas, a meses que não pensava sobre isto, nem se qualificava e muito menos sabia responder o que o faria um “grande homem” naquele momento. Ele não pensava. Era custoso, queria que o deixassem em paz. Só.


Estávamos nós lá, tentando dar uma força de amigos. Ele com um dos sanduíches toscos na boca e um copo de refrigerante vagabundo no copo sob as pernas, todos reclamando do técnico, dos merdas que tocavam a bola com moleza. E Plácido, lá, parecendo nem prestar atenção, mastigando com a boca aberta o sanduba que fazia escorrer um líquido amarelo na camiseta esgarçada a cada mordida faminta. Sentia falta dos comentários ácidos e engraçados que era acostumado a ouvir da boca daquele maluco. Até que Holanda marcou o segundo gol e Plácido como que por impulso cuspiu os restos do que havia na boca no tapete e saiu em disparada na janela gritando: “TOQUEM AS VUVUZELAS AGORA SEUS CORNOS”….


Silêncio total de segundos até escutar os mais baixos palavrões da vizinhança. Rimos como loucos rolando no tapete, enquanto o velho Plácido parecia meio tonto, meio bobo, meio rindo, meio alegre, meio... Meio que voltando ao normal…

terça-feira, 29 de junho de 2010

... sem palavras...

quando ele a jogou a parede
cobriu de beijos sua boca antes mesmo de tentar decifrar os olhares misteriosos
decidiu que não haveria mais sutileza
nem meia palavra
muito menos sentimentos jogados no ar
seria tudo claro
traduzido
visceral

apaixonado.

(vídeo: cena incrivel do filme "Vestígios do dia")

terça-feira, 22 de junho de 2010

Carol e Ro, nossos amigos.

Carolina virou para o lado, colocou o copo vazio na mesa e dormiu. Rodrigo ficou ali, com os olhos sem conseguir fechar. A força da frieza das palavras dela ainda ecoava em seus ouvidos.

Rodrigo sabia que Carolina não era lá estas mulheres de intensidade e sua superficialidade pela vida e sentimentos o enchiam de tédio e indignação. Mas, era inegável que a previsibilidade da namorada o deixava em uma situação confortável. Depois, Carolina, tinha um corpo até que bonito e era sempre tão mansa… Desde que conheceu Carolina, sempre teve os sentimentinhos, de garota medíocre, voltados para ele. Tá, ele concordava que não era nada difícil manter uma mulher como Carolina sob controle, mas, Rodrigo não se sentia homem o suficiente para ter na vida, uma mulher a mais que aquela garota que dormia na mesma cama que ele, só que a quilómetros do seu corpo. Foi assim que tudo se encaminhou para o namoro longo que ele não conseguia, e nem sabia se queria, se libertar.

Ficou ali, no escuro. Amargo e acuado, ruminando a frieza que Carolina o vinha tratando nos últimos dias. Ela sempre foi morna, dizia “eu te adoro”, como dizia “vou na esquina”, o desejava com a força de um rato mas, desdém…? Não poderia suportar isto de uma mulher tão pífia como Carolina. Mas, não tinha mais saco de fazer algo a mais por Carolina, ela tinha que se satisfazer por tê-lo como namorado bem posicionado e um futuro marido para acompanha-la nos eventos de família! E ela ainda o desdenhava…?

Levantou da cama inconformado, se achando o maior merda do mundo, andou de um lado para o outro do lado, lançando olhares fulminantes a Carolina que dormia, com a boca aberta, profundamente. Sentado na poltrona posicionada a frente da namorada, discou o número da moça que trabalhava na loja da frente ao seu trabalho. Foi uma conversa de uns vinte minutos, com sua voz baixa e provocativa, destilou insinuações a moça do outro lado da linha que correspondia as suas palavras com malícia e interesse. Suas risadinhas e elogios estratégicos, combinados a olhares furiosos a moça que dormia, ressoavam no quarto como atitude sádica e diabólica e Rodrigo um vulto forte e indomável.

Antes de voltar para cama, escovou seus dentes olhando para o espelho que refletia a imagem de um homem poderoso. Foi assim que dormiu tranquilamente e nem se deu conta dos quilómetros que o afastavam de Carolina, ali, na mesma cama que ele.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

autobiografia

vivo fora do contexto
do texto


na subliminaridade
do meu tempo.





(imagem: Edward Hopper, Woman)

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Relato de feitiços contra a morte


"A morte não fede. Só os vivos fedem, só os agonizantes fedem, só os podres fedem"
Charles Bukowski



A primeira vez que a morte veio, eu ainda era imortal. Não a temia, não tinha conhecimento da sua existência, do seu poder e da sua habilidade no comando do meu declínio.


E ELA começou a espreitar e, com olhares autoritários, observar meu dia-a-dia sentada, tomando uísque, no alto de uma montanha. Eu juro que vi seu vulto ao longe, mas, nunca imaginei de quem se tratava...

Foi assim que começou. A morte, já ao meu lado, soprava os meus tranquilizantes ao vento e o ar quente da sua respiraçao me fazia contorcer de dor. Seu cheiro me fez sorver em líquidos verdes. Mas, os orientais chegaram em tempo e com um enorme cano nojento nas minhas vísceras, tal como dizia as escrituras, sugaram-me para longe dela.

Agora era mortal e de longe, no alto as montanhas do horizonte, via seu endereço.

Em um dia de inverno a morte voltou. Primeiro perambulou no meu quintal, decidindo se me levaria em 3 meses, em 2 anos…. Foi nesta época que pendurei minhas importâncias no varal tentando afastá-la. Depois, tudo que me era de valor junto com uma réstia de alho. E ELA entrou porta adentro voluptuosa e dentro da minha casa, ao meu lado, sentia seu ressonar e todos seus ruídos horripilantes que me sugaram o viço dos olhos, a alegria cotidiana e a paz interior e em alguns momentos, me arrepiavam os pelos da nuca, por dias. Não haveria negociação.


A solução foi drástica. O feitiço era único. Desta vez, o tomei o chá feito com todos meus cabelos a meia-noite por 9 meses e por 16 vezes morri um pouco de cada vez e por 16 vezes renasci ainda mais forte.

E assim como estava escrito no livro, ela não se apoderou do meu corpo e nem da minha alma. E o processo tão famoso nestes meios mortais, de AFASTAMENTO DE MORTE AFOITA, foi realizado com sucesso!

Já não temo a morte. Faço como o velho Buk me ensinou: "levo ela no meu bolso esquerdo, às vezes, tiro-a do bolso e falo com ela".

O velho Buk é um velho safado, mas sabe das coisas... Deu certo, ela só quer me atenção nos seus dias mais sombrios e solitários, a morte é minha amiga do lado esquerdo do peito!


(Velho Buk: leia-se Charles Bukowski e o conselho(levo ela no meu bolso esquerdo, às vezes, tiro-a do bolso e falo com ela , é um fragmento de O Capitão Saiu para o Almoço e os Marinheiros Tomaram Conta do Navio )
(Imagem: Frida Kahlo , the two fridas)