sábado, 20 de novembro de 2010

ouvindo Should I Stay Or Should I Go...




Darling you´ve got to let me know
Should I stay or should I go?
If you say that you are mine
I'll be here 'til the end of time
So you got to let me know

The Cash



A mulher estava mesmo louca, com força fui puxado para a pista e enquanto dançava seu ritmo estranho, bebia uma lance louco de uma cor amarelo-piscodélico e aquela combinação de dança, atitude e loucura fez que achasse a louca, uma louca, mas, hipnotizei. Já era.

Depois, quando já a achava na minha, disse que eu era um estranho e que queria meu amigo que se agarrava com uma loira, que o capturou assim que chegamos, sei lá, quem era a mulher e mesmo se soubesse não diria para aquela louca que balançava a cabeça, bebia o troço amarelo, me olhava feito loba e falava do meu amigo, coitado, devorado pela loira da chegada.

Queria me livrar dela, isto foi depois dela rir do meu cabelo e com a mão tentar arruma-lo de um jeito meio punk, meio moicano, meio nada a ver… Queria me livrar dela. Urgentemente, mas, ela veio chegando perto de mim e me falava coisas de arrepiar todos os fios de cabelo ao pé-do-ouvido, coisas que eu não entendia muito bem e perceber o revezamento de olhar dela entre eu e meu amigo, que era engolido pela loira, me enchia de ciúmes e raiva. Queria me livrar dela e quando a morena do terceiro ano passou por nós fiquei em desespero com o sinal que me fez para ir matar o desejo da sua voluptuosidade. Mas, não. Deixei que a zuação que a bebida amarela que a louca tomava me envolver e já nem ouvia o que dizia, nem focava a direção dos seus olhares, reparava somente no movimento dos seus quadris e pernas fazia no ritmo do punk-rock que trucidava o ambiente.

Os olhares já não iam a direção nenhuma que não meus olhos e suas palavras já não eram jogadas no ouvido sem sentido. Com seus olhos nos meus vi como a maquiagem gótica nos olhos os deixavam incrivelmente verdes e como sua boca se abria as vezes em um riso cínico que me fazia sentir um menino perto de uma amazona destemida. A louca me fazia longe dela por mais que tentasse arremessar um beijo naquela boca sarcástica. Foi aí, que ela recomeçou sua conversa sobre Nietzsche, Sex Pistols, niilismo da arte e da sua maravilhosa viagem a Londres no último verão, o efeito da estranha bebida amarela parecia se acalmar no seu corpo e não ouvia completamente os sentidos para as palavras, mas, o som que as palavras da sua boca saltavam, às vezes, bruscamente, outras, delicamente, dava aquele assunto, que era apenas ouvinte, coadjuvante do jogo que me fez, sem querer, enlaçá-la pela cintura e a fazer calar com minha língua.

Não acredito em sinos que tocam quando se beija a “tal mulher”, mas, o punk sumiu do ambiente e a louca me envolveu na sua saliva, na sua boca e na força amazona do seu corpo.

Não conseguia me desgrudar dela e vi que ela meio se espremia, meio esperneava para se desvincular da minha boca e conseguiu. A louca me xingou de estranho e saiu empurrando a massa que dançava sem se dar conta. Quase fui atrás dela…

Quase.

Mas, era coadjuvante, tomei minha Heineken encostado ao balcão, observando meu amigo que se devorava com a loira, esperando que a louca voltasse. Demorou. Demorou tanto, mas, ela voltou. Toda dançante, toda no controle, toda não me enxergando. De costas dançava com o copo da bebida amarela na mão, quase sentia seu perfume, a se chegar perto, perto…. Tão perto que beijei sua nuca, abracei-a pelas costas, a senti estremecer, esperei que virasse a minha frente a encarar meus olhos. Esquisito! E me beijar…

Vi um amanhecer lindo do lado daquela louca, muito mais louca sem a bebida amarela na cabeça, que era apenas suco de abacaxi com laranja, agora sei, que ela não bebe, não fuma, não cheira. A louca, é apenas, deliciosamente em sã consciência, louca.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

DOM QUIXOTE.




Tinha uma lua no céu e estrelas também. Estava escuro, eles sentaram na areia e ficaram ouvindo o mar em silêncio. Então, ele tomou a frente dela de joelhos e de supetão, sem nenhum ensaio:

- Você quer se casar comigo?

E a resposta era tão óbvia desde quando ela havia colocado os olhos nele a primeira vez:

- Sim e que seja para sempre.

Desde então, eles desfilam sua força nos reinos distantes , a enfrentar moinhos, opa, dragões!




(video: ALTA NOITE. Marisa Monte e Arnaldo Antunes.)