sábado, 10 de março de 2012

VIDA



"Sinto o absoluto dom de existir"



A fogueira estava no meio do quintal, algumas bancos dispostos ao lado e o moço começou a dedilhar no violão canções populares que não se ouvia nos lugares a muito tempo. Alguns dançaram sem compromisso perto do fogaréu, mas, o dia era quente de verão e todos ficaram ao longe, observando a fumaça, a luz do fogo, as brasas, o chamuscar do ar. Menos a menina pequena que saiu correndo no meio as pessoas e sentou muito próximo da fogueira, a mãe gritou de longe: “ cuidado com o fogo, menina”, a vó: “ criança que brinca com fogo, faz xixi na cama”, a vizinha: “vai se queimar e não diga que não avisamos”. Mas, ela continuou ali, paralisada, olhando para o fogo, até que algo chispou e uma chuva de pontos brilhantes caiu sobre ela. Tudo parou e ficou embaçado na sua visão e viu somente os muitos e maravilhosos pontos de luz que caiam sobre seu corpo. Garota, se lembrou das fadas e raios de varas de condão. Foram segundos e ela ria, encantada com a magia.

A noite acabou com a menina chorando por entre as pessoas, a mãe preocupada, o pai disse que tinha avisado, a vó rezava para Nossa Senhora e ela estava inteira, queimando e só esperneava porque queria voltar para a chuva de brilho em brasa mágica.