quinta-feira, 31 de julho de 2014

EU LEMBRO!




Do you remember when we forgot
How to smile at each other
To believe that the other



Você acendeu uma enorme fogueira na noite de São João  nas montanhas da Galícia e dançou com ela umas danças estranhas para espantar as bruxas, depois me deram algo para tomar e vi as cores da Índia que me falava e fiquei tão atordoada com os cheiros e gostos que desmaiei no gramado. Mas, não havia tempo, eu lembro!!! E mais... Fui com vocês para Cartagena das Índias e passamos pela Suécia para dar um beijo no pai  que sucumbia de uma doença misteriosa contraída na selva amazônica em um tipo de areia movediça cheia de sanguessugas que lhe roubaram o amor e o perdão. Você bateu em seu  rosto e disse, “perdoa”! Eu lembro. E...lembro que a manhã cheirava orquídeas mesmo com o neve lá fora e que Tamara de Lempicka me olhava enquanto andava nas ruas de Chueca.  E lembro que imaginava seus olhos azuis e nunca esqueci o seu sorriso de menino descobrindo o Marrocos com o som do Zeca Baleiro nos dizendo que o cara mais undergroud que ele conhecia era o diabo. “Cruzcredo” eu só queria que o momento fosse eterno... sem pactos com diabo ou com bruxas. Eu lembro.... Desmaiei no gramado. 

quinta-feira, 24 de julho de 2014

O HOMEM.



"....De que modo vou abrir a janela,se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?...."
Adélia Prado




Bati a campainha e pela fresta da cortina na vidraça o vi com aquele sorriso de contentamento nos lábios quando me enxergou pelo olho da porta. Ele não era um homem qualquer, sempre soube. Foi no espelho, se olhou e colocou o paletó preto que estava na cadeira. E eu observando. Olhou novamente no espelho, se arrumou dentro da roupa e partiu em direção a porta. Eu é que estava com um sorriso de contentamento na hora que aquele homem , que não era um homem qualquer, abriu a porta. Ele estava lindo de paletó, o espelho tinha razão! Abriu o sorriso, os braços e me envolveu com sua força que nunca conheci em nenhuma outra pessoa. Falei sobre a pressa, como o  era tempo curto e a saudade longa, disse que falta que ele me fazia e me despedi com um beijo demorado e um abraço. E que braços! A porta que se fechou novamente, e moleca, o vi tirando o paletó com um sorriso que eu conhecia bem e, moleca,  novamente toquei a campainha. Ele olhou no olho da porta. Novamente!???! Abriu um sorriso e colocou, novamente, o paletó, olhou, novamente,  o espelho e abriu a porta. Sim, você está lindo! E eu  me senti  uma mulher, não qualquer mulher, mas, a mulher que um homem que não, absolutamente, não,  é um homem qualquer, quer estar bonito de paletó preto. E não havia mais tempo, nem pressa, somente eu, mulher, ele, um homem e nossos braços em abraços.