segunda-feira, 23 de novembro de 2015

"Sans"





Não facilite com a palavra amor.
Não a jogue no espaço, bolha de sabão.
Não se inebrie com o seu engalanado som.
Não a empregue sem razão acima de toda a razão (e é raro).
Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão
de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra
que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra.
Não a pronuncie.

Carlos Drummond Andrade



Era novembro de um ano qualquer. Lola descia de um carro após bater a porta com força e raiva. Era manhã. Era uma manhã qualquer de um dia de céu azul e de um calor escaldante. Andou pelas ruas vazias da cidade a passos largos e falando longas e doloridas palavras ao vento. Lola, estava cansada. Tomou seu café em uma padaria no centro da cidade cheio de homens e mulheres que iam para o trabalho e ela não queria saber do que conversavam. Lola, só ouvia e ouvia novamente as duras palavras que ouviu durante toda a noite em uma conversa realista e triste que seu coração dizia que não precisava ter tido. Chegou em casa tomou um longo banho ouvindo Janis e seus gritos roucos se compassaram as batidas do seu coração até suas lágrimas misturarem a água do banho que lhe retirava o resto daquelas ilusões findas. Pronto. Se sentia bem melhor olhando pela janela do seu quarto. Límpida. Sinapses mais calmas. Lola decidiu que estava na hora de abrir seu coração. Mas, não...não iria abrir e escancarar de uma forma rápida e febril. Não. Iria se abrir como uma flor na manhã de primavera. Então, decidiu-se por meses e uma vez por mês abrir frestas aos poucos no seu coração, para homens que iria denominar os "9 Sans"
Dezembro - Em um bar com amigas Lola foi paquerada por um jovem inquieto que saiu da onde estava e foi até ela, logo lhe pediu um beijo, logo pediu seu telefone, logo pediu que tirasse a roupa. Logo disse que tinha encontrado a mulher da sua vida. Logo disse que a amava. Logo, Lola desconfiou dos poemas de amor tão rápidos e do amor do rapaz a possibilidade de amar. Depois de dois encontros em que ele nunca se interessava por sua vida, apesar de repetir 300 vezes a palavra "amor", não conseguia mais controlar o clima insano e impaciente, e, a sua pequena  e primeira negação dos seus caprichos "românticos", o rapaz se afastou sem dizer tchau.  Lola ainda tentou contato para saber o resultado da sua prova de doutorado, mas, ele, a cortou da sua vida como uma lamina afiada. Muito romântico isto...
Janeiro - Lola andava pela rua, quando o estranho a parou. Perguntou seu nome e se disse encantado, a chamou para um café. Ela foi. Já era o meio de janeiro. Depois saíram para um jantar, moço foi muito claro e rápido e disse que ela se parecia com uma ex namorada e que queria repetir a experiência sexual que viveu. Lola achou toda a explicação racional de envolvimento tão imbecil, tão simplista que fingiu uma dor de cabeça absurda, foi para casa sem terminar nem de ouvir as imbecis explicações para vida, nem de comer o delicioso prato agridoce que estava degustando.
Fevereiro foi decepcionante. Lola conheceu o San do mês em um bar simples da capital. Ele bebia no balcão, completamente desanimado, mas, ela achou seu sorriso cabisbaixo interessante e acabou sentada ao seu lado. Depois de muito conversarem sobre melancolia, ela entendia do assunto, em dias a fio trocando músicas e poemas, Lola se viu mergulhada em um universo tristonho e negativo de San, e via seus dias se arrastando em conversas difíceis que fizeram entender o que se escondia atrás do sorriso interessante. Lola se afastou de San depois que o rapaz teve uma crise de choro inacreditável relembrando do passado. Não ela não podia se apaixonar por alguém tão chorão perante a vida. 
Lola falava ao celular quando notou olhares de um estranho. Era bonito, alto, ombros largos. Ele veio até ela pediu licença e começou a dizer coisas sobre conexões cósmicas  e encontros de alma gêmea. Lola se assustou, mas, riu e riu mais....E o olhar deslumbrado da vida, do amor do San de março a cegou! Conversaram quase aquele dia todo...No dia seguinte recebeu lindas flores vermelhas em seu trabalho e um cartão que falava de conexões cósmicas e.............na frente do seu trabalho estava ele de novo a chamando para um encontro a noite! Foi assim ao longo de todo o mês, até que San declarou seu amor ao mundo em um dia quente de março, horário comercial, com banda de musica e outdoor. Lola indignada com os colegas de trabalho rindo, respondeu ao "te amo" com um grito: "me deixa em paz!" Nunca mais viu San naquele março, nem abril... nem...
Resolveu então, procurar respostas aos Sans na poesia! Foi a uma livraria e comprou 2 livros de poesia de Manuel de Barros. Na fila do caixa deixou cair seu celular que se separou em uma 3 partes. Desastrada! O homem que estava ao seu lado ajudou e falaram sobre desastres e o preço pela hora da morte dos aparelhos e dos consertos. San, de abril era doce, amigo, prestativo, companheiro. Começou a ajudar com a organização do seu tempo e a ajudava com tudo que precisava no seu cotidiano. Um dia de abril, se viram presos dentro do elevador do prédio de San. Lola desesperou por causa da sua claustrofobia. San, a abraçou firme e arrumou seus cabelos, e, ela finalmente se preparou para o primeiro beijo daquele homem cauteloso que admirava tanto. O beijo não veio, somente um suave beijo na testa. Depois deste dia Lola notou um certo distanciamento, meses depois, San lhe confidenciou sua cautela em se apaixonar e não ser correspondido. Lola lamentou, ela se apaixonaria por San....
Maio começou agitado para Lola uma viagem a trabalho a deixou por dias fora da sua cidade. Foi nesta viagem que Lola conheceu o San de maio. Foi estranho. Ele parecia distante enquanto Lola apresentava um projeto de trabalho. Saiu da sala sem que ela terminasse e voltou complemente disperso atrapalhando a reunião. Ao termino, San pediu desculpas e a chamou para um café. Em uma hora de conversa Lola ficou completamente entristecida pela situação que ele estava passando. Uma série de decepções e perdas na sua vida pessoal que a deixaram também transtornada e em questionamento. Ela se abriu de coração a San, o ouviu, o acalentou em abraços durante dias. Chorou com ele e aceitou sua fragilidade com toda sua força e amor. Quando abria os olhos a primeira coisa que pensava era se tinha conseguido dormir, comer, se tinha ficado bem. No dia 24 de maio, as 21 horas um dia frio e cheio de vento depois de uma longa conversa chorosa com  San, Lola notou as notificações de dezenas de mensagens de amigos e família que tinha recebido e não havia respondido, no espelho notou sua cara caída e triste. Deitada na sua cama, começou a fazer uma retrospectiva dos dias que tinha passado com San, e quantas vezes ele havia perguntado sobre ela, sobre sua vida, sobre seus sentimentos, sobre como estava sua vida, sobre como tinha sido seu dia e suas próprias frustrações. Ligou para San o chamou para uma volta no parque, não. Um chopp no fim da tarde, não. O chamou para ouvir uns rocks em um bar animado, não. San, queria que fosse até sua casa, como tinha sido nos últimos dias, ela iria escutar, escutar, e  iria aconchega-lo e iria embora. Lola não podia mais. A vida segue para todos, inclusive para eles, manteu os convites por dias, San nunca quis. Nunca perguntou sobre ela. Ela não mais insistiu! 

O frio de junho não congelou a recuperação de Lola. Seus amigos estavam animados e ela perambulou entre bares, reuniões de amigos. Foi em um destes dias que conheceu San, o de maio. Um homem voluptuoso que a intimidava com seu olhar fixo no movimento da sua boca enquanto falava sem parar, sem pensar, visto que aquele olhar a deixava desconsertada. Dizia quase nada. Poucas palavras, sempre malicioso, dúbio e cheio de risadas de canto de lábio. Lola via que também não prestava muita atenção nas coisas ditas e sentidas, só no movimento do seu corpo, do seu cabelo... da sua língua dentro da sua boca. Voltou a se encontrar com San, e, seu encanto acabou quando ele forçou uma intimidade da qual não estava preparada e ele, agiu com frieza. Achou aquilo tão tosco e insensível, mas, insistiu até o dia que Lola não pode mais ser possível, queria mais que instintos daquele San, e ficava claro que ele não tinha mais o que oferecer para ela...


Julho começou rápido demais. San, mal entrou da sua vida e Lola já esperou que fosse embora rapidamente. Era perverso. Lola não quer lembrar dele. Fez chantagens emocionais. No fundo assim que o conheceu viu seus olhos frios, distantes e egoístas, e seu idealismo a fez insistir naquele homem cheio de pequenas maldades cotidianas e foi isto mesmo que, não querendo nem lembrar, partiu de sua vida antes mesmo que julho ficasse do pico do seu inverno
Lola ria enquanto o vento de agosto que insistia em tentar levantar sua saia. Gargalhava quando San a percebeu. "Prazer, meu nome é San, posso gargalhar com você?". Leve. San era leve. Encheu seu agosto de bem humor, de brincadeiras. Era espirituoso. Tinha um espírito feliz. Deixava qualquer  conversa difícil, qualquer passeio em um acontecimento mágico e especial. Riam. Conversavam francamente sobre todos os assuntos e sobre seus sentimentos. Seus corpos tinham a mesma facilidade em se encontrar e se sentir. Lola se apaixonou por San, se apaixonou da maneira mais inocente e livre possível, se apaixonou pela maneira que brincava naqueles dias de ser feliz. San saiu da sua vida  assim como entrou. Disse que não podia mais, que iria tentar a conciliação com um antigo amor, que não tinha conseguido esquecer. Lola, ficou triste, mas, nem no último beijo de despedida pode não achar aquele homem uma das pessoas mais incríveis que tinha passado por sua vida. Meses depois viu uma foto dele com seu amor, os dois sorrindo livremente em uma festa. Foi difícil, mas, entendeu que vida só é possível com liberdade de sentimentos!
A primavera começaria em setembro, estava pronta  para ela, afinal era o compromisso daqueles meses, nada a impedir de encontrar alguém para despertar seu coração. San, apareceu despretensiosamente, Lola estava frágil naqueles dias, ele a convidou para um café. Na primeira coisa se sentiu protegida por ele ... a repreendeu por uma palavrão fora do lugar e até hoje não entendeu porque aquela atitude fez sentir que ele se importava com ela. Que besteira! Mas, Lola se deixou de levar... pela proteção daquele homem alto, forte, mas, cheio de inseguranças. Em poucos dias por 3 vezes trocou de roupa com medo de repreensão e não falou com 2 amigos que ele tinha ficado enciumado. Fazia cara feia e a abraçava com força quando outro homem a olhava, e, de alguma maneira Lola se sentia protegida com isto. Na começo da primavera Lola já não suportava as cobranças, as mudanças de humor e o ciumes de San, e, neste último mês de abertura do seu coração não pode levar San de setembro para os anos de sua vida....
E pronto o desafio havia se encerrado. Lola estava confusa. Foram meses, vários San, e seu coração ainda estava ali, florescendo e brotando tudo ao mesmo tempo, tudo livremente. Em uma noite de sábado decidiu ficar em silêncio o fim de semana. Fechou no seu canto preferido da casa, com seus discos e cds e livros de poesias e uma garrafa de espumante que guardou por meses para uma noite especial. Primeiro se lamentou... depois escutou uma prece na boca de Janis Joplin 
One of these mornings
"You're gonna rise, rise up singing
You're gonna spread your wings, child
And take, take to the sky"

 e lembrou de quando era uma criança, uma adolescente e tudo o que desejava era a liberdade! Nesta prece veio a mente os poucos homens que amou e que foi amado e como  foi feliz com a liberdade que estes amores a transmitiram. Pensou em como o amor é raro como um diamante. Pensou em como o amor tinha um papel importante na sua vida, muito mais que ter uma companhia para os dias chuvosos e os dias de dúvidas. Amor era amplidão. Pensou que o amor não era só a decisão de se abrir e florecer  para
ele ter morada, era um sentimento inexplicável, sem prazos, sem jogos, sem meses, sem Sans. Que amor acontece! Magicamente o amor acontece. Dormiu assim, deitada no tapete do seu canto preferido da vida. Sonhou com uma casa de vidro no meio do mato, com uma história que sairia do livro. Tomou um café forte, um banho com seus mil cheiros preferidos e foi a vida, seria um domingo agitado. Não pensou mais no AMOR,  por aqueles dias, respeitou a decisão do seu coração aberto e feliz. Viva, não facilite com a vida, e  o amor acontece! 




sexta-feira, 11 de setembro de 2015

no particular






quero que conheça meu infinito
mas, que infinito
o meu!

que medo
sou tão finito

sou começo
meio
finito.

Fim.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

um pouco de paz, por favor!








enquanto me falava sobre a adrenalina do desejo
da vida
do encontro e do desencontro
seus olhos brilhavam.

sabia que era amor.

e correspondia com o mesmo brilho
fazendo encontro e esquecendo os desencontros
respirava a adrenalina do seu corpo
das nossas vidas

no entanto
ele não sabia
que tudo que eu queria
era a calma
da cabeça em seu peito
e acalmar.


sexta-feira, 7 de agosto de 2015

PRIMAVERA EM MEU CORAÇÃO






então..
ele a abraçou com força
a envolveu com um beijo
e disse
"querida,
tudo ficará bem
eu sou seu homem"

ela sentiu toda a força de seu corpo
e entregou
as flores do seu coração
florecido! 


terça-feira, 23 de junho de 2015

prove-me!














meu amor...
te dou a mais singela prova do meu amor:


eu.

sem pedir nada em troca.

sábado, 20 de junho de 2015

TRIGONOMETRIA NA MINHA GRAMÁTICA.

Eu tão isósceles
Você ângulo
Hipóteses
Sobre o meu tesão

Teses sínteses
Antíteses
Vê bem onde pises
Pode ser meu coração


Paulo Leminski



detesto ângulos, deslizo nas formas arredondadas, languida, e, 
se a pele é macia escorrego passivamente sobre sua hipotenusa 
me estrepo na quina dos catetos, caio no vão, espeto bem direto o coração.

e, entre metáforas, anuncio minha morte
para você, vida.
Viva!
Viva, não é uma teoria, é uma ordem!
Deixe Pitágoras de lado e viva! 



quinta-feira, 28 de maio de 2015

"ANDRADIANO"

Não facilite com a palavra amor.
Não a jogue no espaço, bolha de sabão.
Não se inebrie com o seu engalanado som.
Não a empregue sem razão acima de toda razão (e é raro).
Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão
de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra
que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra.
Não a pronuncie.
 



 um terno bege de linho
um livro de poemas de Mario Benedetti na esquerda
na direita, uma rosa vemelha
no bolso, um anel de diamantes
e o corpo trêmulo na chegada.

era amor

não facilite com o amor
não cometa a loucura de disperdiçar
de espalhar ao mundo a insensatez da dúvida

não se exile na dureza da terra do seu coração.

i

segunda-feira, 11 de maio de 2015

LOUCOS


Meus heróis tinham coragem para perder suas vidas sobre um abismo
E tudo o que me lembro é ficar pensando, "Quero ser como eles!"
Desde pequeno, desde pequeno, isso parecia divertido
E, não por coincidência, acabei sendo!
E posso morrer quando estiver pronto!
Talvez eu seja louco.
Talvez você seja louca.
Talvez sejamos loucos.
Provavelmente



e tudo que me oferece é um prato de arroz e feijão
um copo de coca-cola
e um beijo gelado?

os loucos se reconhecem

e eu não vejo nada em você




sexta-feira, 8 de maio de 2015

SEU TEMPO ACABOU!





"....Eu vou esfregar um tango

No seu jeitinho serenata de encomenda
No seu estilo hip hop da fazenda
No se apeel de rap instrumental.."



o mundo girando a nossa volta a 300 km por hora
e ele ainda acha que Engenheiros é a melhor banda de rock do mundo

milhões de beijos na sua boca no coração palpitante 
e ele ainda acha que amor é sessão da tarde na televisão

óculos de sol comprado em Barcelona
olhar enterrado na terra vermelha do sertão

e o tempo esgotando
tic
tac
tic
tac.

acabou! 




quinta-feira, 7 de maio de 2015

OS TERRÍVEIS ACHADOS.










Chegaram todos juntos. No mesmo momento que me olhavam com reprovação, amarravam minha boca com tecidos com um gosto amedrontador de pólvora e vinagre. Fiquei imóvel esperando o próximo passo, mas, começaram a me observar como se fosse peça de algum museu exótico pelo mundo. Deixaram-me muda, é verdade.

Aos poucos o tremor do corpo foi passando e tudo que senti foi um grande frio mobilizante  tomar o corpo. Todos já me ignoravam! Conversaram sobre a vizinha, o senhor da esquina, o cachorro bravo. Estavam alheio aos acontecimentos. Estavam alheios ao que me fizeram. Estavam alheios ao frio de quase vinte graus negativos que tomou conta dos meus órgãos.

Não demorou muito e meu coração começou a descompassar e a bater rapidamente com o corpo imóvel, em uma tentativa desesperada de manter o controle. As palavras começaram a sufocar minha garganta e em um forte golpe, sabia, não bateria mais. Fui sentindo pequenas explosões no peito, até o golpe final. Imóvel. Ignorada.

Ainda não sei o que me faz perder a vida os pedaços de coração na garganta ou o coração explodido o estômago ou as palavras afogadas no resto do meu coração flamejante. o fato é que me mantive imóvel. O fato é que continuaram lá, sentindo o cheiro e conversando sobre o gosto da pólvora e do vinagre e conversando sobre tudo que eu sempre ignorei.

Liberdade, enfim.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

NA ENCRUZILHADA.


"...No espírito a gemer e em que só o tédio existe..." 


Flores do mal - Charles Baudelaire 




o tédio viciante
a superficial vontade
a teia de estratégias
caminho a um destino
uma grande encruzilhada!

sentou
fumou um cigarro
e decidiu-se

entre o tédio de certezas
e o benefício da dúvida

o grande e louco mistério da dúvida
a pulsar na veias
a colocar nos seus olhos a nunca entrega

ia morar na encruzilhada
em meio a desesperos
e galinhas pretas e velas coloridas

entre o temor da negra magia
e o aconchego do caminho em linha reta

ia morar na dúvida
na incerteza
na insônia
no disparar de coração
na louca sinapse descontrolada

Decidiu-se!
Por não decidir.

quarta-feira, 25 de março de 2015

ALUCINAÇAO.

"A minha alucinação
É suportar o dia-a-dia
E meu delírio
É a experiência
Com coisas reais"

Abriu os olhos novamente na primeira manhã de abril.

A b r i l.
O mês das folhas no chão, dos ventos e do cheiro de fumaça no quintal. Março e suas águas e seu sol de verão, foi real.Por meses viveu alucinações de fuga, mas, março, março foi real.
Março foi o fim de todas alucinações.
Mês cravado na pele, no coração, na cabeça.
O mês que a paixão pareceu torta. O amor no passado. E a juventude em outras buscas. E a dura realidade das máscaras no chão. Aperto. Lágrimas. Frio na barriga. Nó na garganta. 5 horas da madrugada e o galo canta. Hora de acordar.

Abriu os olhos em abril. Março só era uma louca alucinação da vida real.

Mas, em abril, abriu os olhos!

Alucinações em março....

Alienou-se em abril.